O essencial silêncio
o afastar-se de si e de seus próprios pequenos problemas - como a fila e o elevador que não andam
vislumbrar a paz de ser
simplesmente
um intervalo
na corrente da vida...
30 abril 2013
Pinturas a óleo
E quando a tempestade invadiu a sala, rasgou cortinas, estraçalhou vidraças... Só me lembro da ausência da tua mão. Furacão engoliu meus pertences e teu rosto solene, jurava não. Agora, só outra vez venho me despedir. A falta que não sentes é a frieza que, entrementes, te fará implodir.
&&&
trilhas sonoras
trechos de
silencio
em um caminho
entre a neblina e
aias áridas de saias
compridas
telhas iluminadas
o sol na neve
copos que não tilintam
e a água
da pia
escorre
gelada
em uma
trilha
sombria
no ralo
que vai para o
rio
&&&
Agora
no deserto
de certo
um calango
um rato ou
uma cascavel
passeiam
com fome e sede
a céu
aberto.
&&&
pés que pisam galhos
devias conhecer os perigos
dos poros que dilatados e
os mamilos que se arrepiam
aos mais inusitados
toques das plantas dos pés
ao pisar folhas
secas
que fazem
creck
&&&
beijar sua boca
e calar com a minha língua
o que dizias
e eu nem
prestava atenção...
acima de tudo
sabia
que um dia
enroscarias
tua mão a minha
sem
ardor
sem
dor
sem
devoção.
&&&
I
Doenças domésticas
pequenas unhas de aço finas
em torno da tua
garganta fria
dentro e fora
das curvas da tua língua
bolas de ranho foram
engolidas
num riso
estranho
o rosto
afogado borbulha
silente mas
os sons são muito altos dentro do crânio ecoam gigantescos
e assustadores sussurros e assoares de narizes...
minha cabeça dói, ela diz
que atrás do olho esquerdo se a luz penetra
diretamente em sua pupila
sente um espinho
sente sono
sede
sente que fede
cada dia
um pouco mais
resfriada, pútrida e
pálida
II
tão belo rosto
agora sem fôlego e sem cigarros,
prestes a sucumbir às trevas daquelas ruas sem iluminação pública adequada,
uma rajada de vento sopra a oeste trazendo pressentimentos tão obscuros quanto a vastidão de crateras desta avenida da saudade
entre silenciosos cães esquálidos da madrugada,
tua imagem de
olhos esbugalhados
com o nariz coberto de sangue vivo como hibiscos a sorrir para o sol
a tossir e torcer o lencinho
delicado com
mãos suando frias,
fez-me tremer os lábios
eu, que sequer sei
teu nome,
vejo-te passar tão magnífica vida
dentro de negros
olhos
enormes
poderia ter gritado por ajuda
poderia te acudir
mas a profunda beleza
desses girassóis amarelos dentro de ti
me cala
&&&
A vida é tão pequena
pra ficar fazendo cena
chorar, escrever poemas
lá em casa
pode até faltar feijão
mas ninguém abre
mão de sorrir
porque
a vida é muito curta pra
brigar como um qualquer
amanhã sequer estaremos
em pé.
A vida é tão rara
e é tudo que temos
um amigo um bom vinho
depois de tanto
silêncio
pode até ser sofrida,
já vi piores vidas
torturas da carne
abertura de vísceras
No fim nossos miúdos ao
pó retornarão
sorrindo ou chorando
fazendo cena
ou não...
&&&
trilhas sonoras
trechos de
silencio
em um caminho
entre a neblina e
aias áridas de saias
compridas
telhas iluminadas
o sol na neve
copos que não tilintam
e a água
da pia
escorre
gelada
em uma
trilha
sombria
no ralo
que vai para o
rio
&&&
Agora
no deserto
de certo
um calango
um rato ou
uma cascavel
passeiam
com fome e sede
a céu
aberto.
&&&
pés que pisam galhos
devias conhecer os perigos
dos poros que dilatados e
os mamilos que se arrepiam
aos mais inusitados
toques das plantas dos pés
ao pisar folhas
secas
que fazem
creck
&&&
beijar sua boca
e calar com a minha língua
o que dizias
e eu nem
prestava atenção...
acima de tudo
sabia
que um dia
enroscarias
tua mão a minha
sem
ardor
sem
dor
sem
devoção.
&&&
I
Doenças domésticas
pequenas unhas de aço finas
em torno da tua
garganta fria
dentro e fora
das curvas da tua língua
bolas de ranho foram
engolidas
num riso
estranho
o rosto
afogado borbulha
silente mas
os sons são muito altos dentro do crânio ecoam gigantescos
e assustadores sussurros e assoares de narizes...
minha cabeça dói, ela diz
que atrás do olho esquerdo se a luz penetra
diretamente em sua pupila
sente um espinho
sente sono
sede
sente que fede
cada dia
um pouco mais
resfriada, pútrida e
pálida
II
tão belo rosto
agora sem fôlego e sem cigarros,
prestes a sucumbir às trevas daquelas ruas sem iluminação pública adequada,
uma rajada de vento sopra a oeste trazendo pressentimentos tão obscuros quanto a vastidão de crateras desta avenida da saudade
entre silenciosos cães esquálidos da madrugada,
tua imagem de
olhos esbugalhados
com o nariz coberto de sangue vivo como hibiscos a sorrir para o sol
a tossir e torcer o lencinho
delicado com
mãos suando frias,
fez-me tremer os lábios
eu, que sequer sei
teu nome,
vejo-te passar tão magnífica vida
dentro de negros
olhos
enormes
poderia ter gritado por ajuda
poderia te acudir
mas a profunda beleza
desses girassóis amarelos dentro de ti
me cala
&&&
A vida é tão pequena
pra ficar fazendo cena
chorar, escrever poemas
lá em casa
pode até faltar feijão
mas ninguém abre
mão de sorrir
porque
a vida é muito curta pra
brigar como um qualquer
amanhã sequer estaremos
em pé.
A vida é tão rara
e é tudo que temos
um amigo um bom vinho
depois de tanto
silêncio
pode até ser sofrida,
já vi piores vidas
torturas da carne
abertura de vísceras
No fim nossos miúdos ao
pó retornarão
sorrindo ou chorando
fazendo cena
ou não...
inimigos
o amor tem muitos inimigos
eles chegam cedo
soturnos assaltam
o seu coração
deixa-lhe frio como a cera de uma vela que apagou
escorre pra dentro e no fundo do oco do peito
você encontra o Sol
&&&
antes tarde do que nuca.
a parte do que usa
que se sua
do que se esquece que se sabe
que se dane
que atrase vaze que me espalhe
que em boca fechada não entra moça...
minha água mole em pedra dura
tanto arde até que com ferro será ferida, ou será margarida?
amarga vida ou simplesmente
amor?
&&&
(blues)
nervos
para sentir
o tempo
ou mesmo
um senso
passa um
curió
sidade
aspirina
andar sozinha
na
solidão sólida
das extensões
da cidade
abrir com dentes
já dormentes
cerveja um rasgo
raso a chuva
nos seus pés
molhados de
chão
em
pedra
fria
jorra da sua barriga
água santa
sangue
benta se banha
em amaro
vinho
minha
passarela
passaredo
paraíso
sou pedreiro
seu pedestre
construindo o nosso
ninho
mascando maus rumores
de antigos
amores cretinos
que lhe metiam sem dó
num trocadilho
e lhe cuspiam
na cara nos riscos
dos olhos
caninos
lambiam-se
um ao
outro...
se diziam
em verdade
vultos
da vera
cidade
em seus pequenos desenhos mesquinhos
em água clara verão
uma
cachoeira com sol
e a calma passageira
de uma mansidão que
grita o tempo todo
: goze, go, gol...
coma a gruta funda
ainda mais escura
que
a escuridão
e
acabe...
eles chegam cedo
soturnos assaltam
o seu coração
deixa-lhe frio como a cera de uma vela que apagou
escorre pra dentro e no fundo do oco do peito
você encontra o Sol
&&&
antes tarde do que nuca.
a parte do que usa
que se sua
do que se esquece que se sabe
que se dane
que atrase vaze que me espalhe
que em boca fechada não entra moça...
minha água mole em pedra dura
tanto arde até que com ferro será ferida, ou será margarida?
amarga vida ou simplesmente
amor?
&&&
(blues)
nervos
para sentir
o tempo
ou mesmo
um senso
passa um
curió
sidade
aspirina
andar sozinha
na
solidão sólida
das extensões
da cidade
abrir com dentes
já dormentes
cerveja um rasgo
raso a chuva
nos seus pés
molhados de
chão
em
pedra
fria
jorra da sua barriga
água santa
sangue
benta se banha
em amaro
vinho
minha
passarela
passaredo
paraíso
sou pedreiro
seu pedestre
construindo o nosso
ninho
mascando maus rumores
de antigos
amores cretinos
que lhe metiam sem dó
num trocadilho
e lhe cuspiam
na cara nos riscos
dos olhos
caninos
lambiam-se
um ao
outro...
se diziam
em verdade
vultos
da vera
cidade
em seus pequenos desenhos mesquinhos
em água clara verão
uma
cachoeira com sol
e a calma passageira
de uma mansidão que
grita o tempo todo
: goze, go, gol...
coma a gruta funda
ainda mais escura
que
a escuridão
e
acabe...
Do cru
pra onde vai a espuma do mar
quando a onda quebra
nos pés
um gemido de ai pra onde vai
quando cai da garganta e sai
um pouco talvez agudo demais?
pra onde vai a luz da tevê quando você não a vê
pra onde vão suas pernas quando cansam? que canção cantarão os seus sapatos esfolados no asfalto e o breque do carro quando pára em você?
menina, onde vai com os olhos tão tristes
de céu a se abrir em camadas de nuvens como uma rosa alaranjado-óleo em riste e agressiva que não deixa respirar nada que não seja a garoa fina, fria e úmida da avenina paulista?
pra onde, menina? vai.
&&&
nos pés de algodão
dedos de cenoura
na cabeça um rojão
estoura caraminholas no cabeça um tambor
rebumbando no salão
a gente dançanva os pés no chão
a cabeça no ar
e com as pernas na dança
movendo-se sem parar pro lado e voltando tão rápido que nem pareciam que foram
todos se moviam numa onda de laços tão pequeninos
que cabiam num abraço.
&&&
quantos goles de beleza são necessários pra te deixar mais sóbrio?
quantos tragos, quanta poesia em pó, pra ficares acordado?
quantos pedaços de filosofia? quantos nacos de vontade
na carne o orifício da verdade
exala gases
tóxicos
quando a onda quebra
nos pés
um gemido de ai pra onde vai
quando cai da garganta e sai
um pouco talvez agudo demais?
pra onde vai a luz da tevê quando você não a vê
pra onde vão suas pernas quando cansam? que canção cantarão os seus sapatos esfolados no asfalto e o breque do carro quando pára em você?
menina, onde vai com os olhos tão tristes
de céu a se abrir em camadas de nuvens como uma rosa alaranjado-óleo em riste e agressiva que não deixa respirar nada que não seja a garoa fina, fria e úmida da avenina paulista?
pra onde, menina? vai.
&&&
nos pés de algodão
dedos de cenoura
na cabeça um rojão
estoura caraminholas no cabeça um tambor
rebumbando no salão
a gente dançanva os pés no chão
a cabeça no ar
e com as pernas na dança
movendo-se sem parar pro lado e voltando tão rápido que nem pareciam que foram
todos se moviam numa onda de laços tão pequeninos
que cabiam num abraço.
&&&
quantos goles de beleza são necessários pra te deixar mais sóbrio?
quantos tragos, quanta poesia em pó, pra ficares acordado?
quantos pedaços de filosofia? quantos nacos de vontade
na carne o orifício da verdade
exala gases
tóxicos
(=
esfaimado
peixe ex-cama
nada voa sopra
ou
esfrega o gênio
da lâmpada
é do tamanho
de uma tâmara
&&&
A pérola mais bela do teu brinco é a tua orelha nua. Que tecido será mais fino que a seda do teu pescoço liso e que vestido será mais leve que o sorriso que te veste a pele?
&&&
o raio da justiça
fulmina
pegou
e perguntou:
quem és?
quem pensas que és?
que pensas que pensam que és?
dele não se escapa
e terás de prestar contas
ação e reação
são teus princípios
e teus fins
o que acontece a ti
é causa e consequência
de tuas livres escolhas
a crise que se instala
ao se constatar:
há sempre um justo vendo
há sempre uma dor
dor
de consciência
a dor que causa aos outros
a ti retorna em dobro
amor gera amor
treva gera luz
luz gera sombra
em sombra tu descansas
em excessiva luz tu não vês
não peço que me creias
não peço que me entendas
só peço que o raio
da justiça
tu
aguentes...
raio que queima diferente
fulmina-te em cada apego
mesquinho
seja
do tamanho de uma folha
do tamanho de um
ninho...
&&&
vamos fazer amor na nuvem
de olhos bem abertos
pra ver de perto
o temporal...
&&&
There is always a angel trying to kiss you
if you be quiet could listen his invisible wings flapping around your face
he is trying to put some angel's breath into your brain
through your lips
whispering delightful words about death and love...
There is always a angel trying to open your closed Eye
be quiet and wait
he is singing his beautiful song about how things get lost
and the living fresh meat just turn dusty
and about how ashes always will flowing from your evasive fingers
oh, by the way, your fingers dosen´t exist anymore
they don´t exist and they always exist.
The evil angel and the sweet angel
told me the same story:
no there ís no hope and no glory
to the human fate.
&&&
esse quê de amor que dói
de anel apertar no dedo
o nó
da gravata
engasgando
a garganta
esse quê de você que eu quero arrancar
com os dentes
comer lentamente
enquanto
as narinas inflam
e as glândulas
inflamam
e as penugens de atrás
do pescoço
captam o calor
molhado
dos seus lábios
esse quê de amor que dói
só de ver, sorrir
e ser feliz
sem você
o mundo não cria raiz
não cria cores
abruptamente
distintas
nas pedras da cidade
se sem você
os vasos nas janelas não abrem flores nem
há moscas zunindo cortando o silêncio da manhã em redor do pão esquecido
na mesa
há dias.
&&&
confusão.
misturar
nossos corpos com a mão até
obtermos uma textura homogênea
uma massa macia
com cheiro de suor,
saliva,
língua e
tesão.
&&&
quero morrer lentamente, na chama ausente de um fogo fátuo
quero flutuar de fato em lembranças cada vez mais vagas
me afogar em lágrimas
e dar piruetas circenses quando ninguém estiver vendo
vou lhe oferecer o cigarro
o meu sorriso
um chiclete
e um gole d´água
mas o que quero lhe dar muito além disso
está tua boca em minha língua doce
o meu doce de leite
o meu creme de moça
o meu último gole.
&&&
não esbanje felicidade na bandeja alheia
nem sopre areia fina em olhos ceguetas
não fale tão alto o nome do seu amor
nem desfolhe pétalas inocentes
não atenda o telefone o tempo todo
ande descalço, ande nu, ande demente
invente vidas que se misturem em texturas mais invisíveis
ou telepáticas, que
ressoem em tons que sejam mais sintônicos em seus sins em suas suas silhuetas bailando em puro júbilo, em pura mágica.
&&&
O Lírio
não estava lá
era um lírio
onde dizes
não estava
onde estive,
outro lugar
havia um lago
um bosque largo
e um quiosque imenso
em forma de cogumelo
eu não estive em lugar algum
eu era meio, agora sou uno
com a matéria que molda
meu parco sonhar
meu delírio atordoado
dormindo
acordado
rasgando um véu de sonhos
atrás do outro
medonho conforto
caindo em espiral
em camas, surtos e travesseiros
sudoreses noturnas
buena fortuna
tudo bem coberto por um cobertor marrom
eu não estava lá
era um lírio
&&&
a felicidade é um silêncio manso e distraído
ou um acento agudo e toda hora
é agora, pisa firme e rodopia!
a felicidade é cheia de copos
de dedos, de ecos de feriados, de dores de cabeça engolidas pra dentro que quebram feito vidro arranhando a garganta perfurando o peito e você pensa que é só o cigarro, ou um resfriado
e você pensa que um dia a tosse passa
que os amigos ficam
que os laços são nós
sólidos que nunca lhe darão solidão
e que amanhã, afinal, é sábado
a felicidade é calada em caldas,
segredo absoluto ocultismo.
e realiza-se nas entrelinhas
nos sublinhados, nos sublimes sabores mais delicados
de quando se tem calma, de quando a poltrona se encaixa macia nos quadris moldando um conforto que jamais será encontrado do lado de fora,
da sua casca.
&&&
e é não conseguir dormir tão logo,
imaginando teu colo.
e é como não sentir frio, nem fome,
abraçar-me com teu nome
saborear a saudade
em cada nuvem
que passa
trazendo cheiros de longe...
e nunca conseguir ir embora cedo
jamais ter medo
se amanhã tem mais...
e é sorrir à toa, lembrar da tua boca boa
e a tua língua que ensina
misturada à minha
um alfabeto próprio...
peixe ex-cama
nada voa sopra
ou
esfrega o gênio
da lâmpada
é do tamanho
de uma tâmara
&&&
A pérola mais bela do teu brinco é a tua orelha nua. Que tecido será mais fino que a seda do teu pescoço liso e que vestido será mais leve que o sorriso que te veste a pele?
&&&
o raio da justiça
fulmina
pegou
e perguntou:
quem és?
quem pensas que és?
que pensas que pensam que és?
dele não se escapa
e terás de prestar contas
ação e reação
são teus princípios
e teus fins
o que acontece a ti
é causa e consequência
de tuas livres escolhas
a crise que se instala
ao se constatar:
há sempre um justo vendo
há sempre uma dor
dor
de consciência
a dor que causa aos outros
a ti retorna em dobro
amor gera amor
treva gera luz
luz gera sombra
em sombra tu descansas
em excessiva luz tu não vês
não peço que me creias
não peço que me entendas
só peço que o raio
da justiça
tu
aguentes...
raio que queima diferente
fulmina-te em cada apego
mesquinho
seja
do tamanho de uma folha
do tamanho de um
ninho...
&&&
vamos fazer amor na nuvem
de olhos bem abertos
pra ver de perto
o temporal...
&&&
There is always a angel trying to kiss you
if you be quiet could listen his invisible wings flapping around your face
he is trying to put some angel's breath into your brain
through your lips
whispering delightful words about death and love...
There is always a angel trying to open your closed Eye
be quiet and wait
he is singing his beautiful song about how things get lost
and the living fresh meat just turn dusty
and about how ashes always will flowing from your evasive fingers
oh, by the way, your fingers dosen´t exist anymore
they don´t exist and they always exist.
The evil angel and the sweet angel
told me the same story:
no there ís no hope and no glory
to the human fate.
&&&
esse quê de amor que dói
de anel apertar no dedo
o nó
da gravata
engasgando
a garganta
esse quê de você que eu quero arrancar
com os dentes
comer lentamente
enquanto
as narinas inflam
e as glândulas
inflamam
e as penugens de atrás
do pescoço
captam o calor
molhado
dos seus lábios
esse quê de amor que dói
só de ver, sorrir
e ser feliz
sem você
o mundo não cria raiz
não cria cores
abruptamente
distintas
nas pedras da cidade
se sem você
os vasos nas janelas não abrem flores nem
há moscas zunindo cortando o silêncio da manhã em redor do pão esquecido
na mesa
há dias.
&&&
confusão.
misturar
nossos corpos com a mão até
obtermos uma textura homogênea
uma massa macia
com cheiro de suor,
saliva,
língua e
tesão.
&&&
quero morrer lentamente, na chama ausente de um fogo fátuo
quero flutuar de fato em lembranças cada vez mais vagas
me afogar em lágrimas
e dar piruetas circenses quando ninguém estiver vendo
vou lhe oferecer o cigarro
o meu sorriso
um chiclete
e um gole d´água
mas o que quero lhe dar muito além disso
está tua boca em minha língua doce
o meu doce de leite
o meu creme de moça
o meu último gole.
&&&
não esbanje felicidade na bandeja alheia
nem sopre areia fina em olhos ceguetas
não fale tão alto o nome do seu amor
nem desfolhe pétalas inocentes
não atenda o telefone o tempo todo
ande descalço, ande nu, ande demente
invente vidas que se misturem em texturas mais invisíveis
ou telepáticas, que
ressoem em tons que sejam mais sintônicos em seus sins em suas suas silhuetas bailando em puro júbilo, em pura mágica.
&&&
O Lírio
não estava lá
era um lírio
onde dizes
não estava
onde estive,
outro lugar
havia um lago
um bosque largo
e um quiosque imenso
em forma de cogumelo
eu não estive em lugar algum
eu era meio, agora sou uno
com a matéria que molda
meu parco sonhar
meu delírio atordoado
dormindo
acordado
rasgando um véu de sonhos
atrás do outro
medonho conforto
caindo em espiral
em camas, surtos e travesseiros
sudoreses noturnas
buena fortuna
tudo bem coberto por um cobertor marrom
eu não estava lá
era um lírio
&&&
a felicidade é um silêncio manso e distraído
ou um acento agudo e toda hora
é agora, pisa firme e rodopia!
a felicidade é cheia de copos
de dedos, de ecos de feriados, de dores de cabeça engolidas pra dentro que quebram feito vidro arranhando a garganta perfurando o peito e você pensa que é só o cigarro, ou um resfriado
e você pensa que um dia a tosse passa
que os amigos ficam
que os laços são nós
sólidos que nunca lhe darão solidão
e que amanhã, afinal, é sábado
a felicidade é calada em caldas,
segredo absoluto ocultismo.
e realiza-se nas entrelinhas
nos sublinhados, nos sublimes sabores mais delicados
de quando se tem calma, de quando a poltrona se encaixa macia nos quadris moldando um conforto que jamais será encontrado do lado de fora,
da sua casca.
&&&
e é não conseguir dormir tão logo,
imaginando teu colo.
e é como não sentir frio, nem fome,
abraçar-me com teu nome
saborear a saudade
em cada nuvem
que passa
trazendo cheiros de longe...
e nunca conseguir ir embora cedo
jamais ter medo
se amanhã tem mais...
e é sorrir à toa, lembrar da tua boca boa
e a tua língua que ensina
misturada à minha
um alfabeto próprio...
=)
mas acontece que
me apaixonei
pelos olhos negros
de Tobias.
Tobias e suas fobias, por onde ia
levava aquela mania
de solidão
enamorei-me de teus dedos
e do delicado de tuas mãos
Tobias,
nosso encontro que não durou um orgasmo
mas o fato é que já estava apaixonada
por tua medicina, teus olhos taciturnos,
tua arte oculta, pela magia das notas brutas
da tua guitarra
Tobias tinha
doce nos lábios
e lisergia
nas pupilas dilatadas
uma respiração ofegada
e foi tudo
que tivemos...
&&&
mas acontece que
me apaixonei
pelos olhos negros
de Tobias.
Tobias e suas fobias, por onde ia
levava aquela mania
de solidão
enamorei-me de teus dedos
e do delicado de tuas mãos
Tobias,
nosso encontro que não durou um orgasmo
mas o fato é que já estava apaixonada
por tua medicina, teus olhos taciturnos,
tua arte oculta, pela magia das notas brutas
da tua guitarra
Tobias tinha
doce nos lábios
e lisergia
nas pupilas dilatadas
uma respiração ofegada
e foi tudo
que tivemos...
&&&
O dia que não devia ter sido
o cinema em que você ia
fechou
e o livro que não releu leu
perdeu
e a padaria
do seu Genaro
mudou...
quer comprar cigarro
precisa de um carro
novo seu filho mais velho não
se parece mais
com seus planos
suas sacolas pesadas
o lixo pra recolher
as moças bonitas da praia
são gays...
em sua cabeça
o universo cifrado
na sua rala sopa
um fiapo
sua mulher já é outra
mais velha, mais feia, mais gorda
não é mais a mesma moça
que te sorriu à janela
agora quando te acena
é só pra lhe fazer pilhéria
seus dias engravidaram
geraram um natimorto
o tigre meteu suas garras
em seu pobre pescoço
agora enforcado
sufocando
de seus próprios problemas
encara a velha figueira
e pensa
neste pobre
poema...
um poema para quem se fodeu
um poema que é problema seu
&&&
o artista prosaico
o poeta de bairro
de Barros
de Castro
Camus
os artistas da lapa
as cervejas na lata
fumaça na chapa
e todos comemoram juntos
o ocaso na ocasião perfeita
o dia
da guarida
o fim
da reunião
o poeta sente seus bolsos furados
e encontra desculpas nisso
tudo é desculpável
a culpa
é só uma lupa
para enxergar as letras miúdas
da cláusula pestilenta
do fato
a morte
é rápida e
a vida é morte lenta
cada culpa gera um novo poema
e nosso crime é simplesmente
existir
insistir na existência
degustar alegrias esplêndidas
em garrafas efêmeras
de coca quente
e sem gás...
&&&
me apaixonei
pelos olhos negros
de Tobias.
Tobias e suas fobias, por onde ia
levava aquela mania
de solidão
enamorei-me de teus dedos
e do delicado de tuas mãos
Tobias,
nosso encontro que não durou um orgasmo
mas o fato é que já estava apaixonada
por tua medicina, teus olhos taciturnos,
tua arte oculta, pela magia das notas brutas
da tua guitarra
Tobias tinha
doce nos lábios
e lisergia
nas pupilas dilatadas
uma respiração ofegada
e foi tudo
que tivemos...
&&&
mas acontece que
me apaixonei
pelos olhos negros
de Tobias.
Tobias e suas fobias, por onde ia
levava aquela mania
de solidão
enamorei-me de teus dedos
e do delicado de tuas mãos
Tobias,
nosso encontro que não durou um orgasmo
mas o fato é que já estava apaixonada
por tua medicina, teus olhos taciturnos,
tua arte oculta, pela magia das notas brutas
da tua guitarra
Tobias tinha
doce nos lábios
e lisergia
nas pupilas dilatadas
uma respiração ofegada
e foi tudo
que tivemos...
&&&
O dia que não devia ter sido
o cinema em que você ia
fechou
e o livro que não releu leu
perdeu
e a padaria
do seu Genaro
mudou...
quer comprar cigarro
precisa de um carro
novo seu filho mais velho não
se parece mais
com seus planos
suas sacolas pesadas
o lixo pra recolher
as moças bonitas da praia
são gays...
em sua cabeça
o universo cifrado
na sua rala sopa
um fiapo
sua mulher já é outra
mais velha, mais feia, mais gorda
não é mais a mesma moça
que te sorriu à janela
agora quando te acena
é só pra lhe fazer pilhéria
seus dias engravidaram
geraram um natimorto
o tigre meteu suas garras
em seu pobre pescoço
agora enforcado
sufocando
de seus próprios problemas
encara a velha figueira
e pensa
neste pobre
poema...
um poema para quem se fodeu
um poema que é problema seu
&&&
o artista prosaico
o poeta de bairro
de Barros
de Castro
Camus
os artistas da lapa
as cervejas na lata
fumaça na chapa
e todos comemoram juntos
o ocaso na ocasião perfeita
o dia
da guarida
o fim
da reunião
o poeta sente seus bolsos furados
e encontra desculpas nisso
tudo é desculpável
a culpa
é só uma lupa
para enxergar as letras miúdas
da cláusula pestilenta
do fato
a morte
é rápida e
a vida é morte lenta
cada culpa gera um novo poema
e nosso crime é simplesmente
existir
insistir na existência
degustar alegrias esplêndidas
em garrafas efêmeras
de coca quente
e sem gás...
&&&
Lacrimosa
o anjo goza
arrumando a franja
arfando as asas
sua porra é
rosa
e embriagante
oh que blasfêmia!
oh, temerosa,
a trombeta dourada
do anjo toca
anunciando seu plêno
prazer que não sendo
efêmero
é um eterno nas alturas,
hosana!
&&&
perguntei à plantaque alquimia santafazia transformar em flor a folha
precipitei-me ao precipício
caí de amores no orifício
central da terra
quente e molhadinho
magnus magma, mamma mia!
e sobre a alquimia
obtive resposta
de uma semente
que seca entrou no ventre
úmido da terra
e a pétala que vira fruta
e a pele que fica bruta
ambas
pelos raios do sol...
quente e molhadinho
magnus magma, mamma mia!
e sobre a alquimia
obtive resposta
de uma semente
que seca entrou no ventre
úmido da terra
e a pétala que vira fruta
e a pele que fica bruta
ambas
pelos raios do sol...
e sobre a alquimia
obtive resposta
de uma semente
que seca entrou no ventre
úmido da terra
e a pétala que vira fruta
e a pele que fica bruta
ambas
pelos raios do sol...
e a pétala que vira fruta
e a pele que fica bruta
ambas
pelos raios do sol...
perguntei à menina
mas há um eterno:
de cabelos longos
quantos santos
encontros
ele havia tido com deus
respondeu-me que seu deus era ela
um quadro amarelado de aquarela
que o tempo corroeu
quem sou eu? quem é a bela
recostada à janela
esgotando
sorrisos gastos?
o anjo goza
arrumando a franja
arfando as asas
sua porra é
rosa
e embriagante
oh que blasfêmia!
oh, temerosa,
a trombeta dourada
do anjo toca
anunciando seu plêno
prazer que não sendo
efêmero
é um eterno nas alturas,
hosana!
&&&
perguntei à plantaque alquimia santafazia transformar em flor a folha
precipitei-me ao precipício
caí de amores no orifício
central da terra
quente e molhadinho
magnus magma, mamma mia!
e sobre a alquimia
obtive resposta
de uma semente
que seca entrou no ventre
úmido da terra
e a pétala que vira fruta
e a pele que fica bruta
ambas
pelos raios do sol...
quente e molhadinho
magnus magma, mamma mia!
e sobre a alquimia
obtive resposta
de uma semente
que seca entrou no ventre
úmido da terra
e a pétala que vira fruta
e a pele que fica bruta
ambas
pelos raios do sol...
e sobre a alquimia
obtive resposta
de uma semente
que seca entrou no ventre
úmido da terra
e a pétala que vira fruta
e a pele que fica bruta
ambas
pelos raios do sol...
e a pétala que vira fruta
e a pele que fica bruta
ambas
pelos raios do sol...
perguntei à menina
mas há um eterno:
de cabelos longos
quantos santos
encontros
ele havia tido com deus
respondeu-me que seu deus era ela
um quadro amarelado de aquarela
que o tempo corroeu
quem sou eu? quem é a bela
recostada à janela
esgotando
sorrisos gastos?
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