30 abril 2013

Do cru

pra onde vai a espuma do mar
quando a onda quebra
nos pés
um gemido de ai pra onde vai 
quando cai da garganta e sai
um pouco talvez agudo demais?

pra onde vai a luz da tevê quando você não a vê 
pra onde vão suas pernas quando cansam? que canção cantarão os seus sapatos esfolados no asfalto e o breque do carro quando pára em você?

menina, onde vai com os olhos tão tristes
de céu a se abrir em camadas de nuvens como uma rosa alaranjado-óleo em riste e agressiva que não deixa respirar nada que não seja a garoa fina, fria e úmida da avenina paulista?

pra onde, menina? vai.


&&&

nos pés de algodão 
dedos de cenoura
na cabeça um rojão
estoura caraminholas no cabeça um tambor
rebumbando no salão
a gente dançanva os pés no chão
a cabeça no ar
e com as pernas na dança
movendo-se sem parar pro lado e voltando tão rápido que nem pareciam que foram
todos se moviam numa onda de laços tão pequeninos
que cabiam num abraço.



&&&

quantos goles de beleza são necessários pra te deixar mais sóbrio?

quantos tragos, quanta poesia em pó, pra ficares acordado? 

quantos pedaços de filosofia? quantos nacos de vontade 


na carne o orifício da verdade
exala gases
tóxicos


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