30 abril 2013

(=

esfaimado
peixe ex-cama

nada voa sopra 
ou 

esfrega o gênio
da lâmpada
é do tamanho
de uma tâmara

&&&

A pérola mais bela do teu brinco é a tua orelha nua. Que tecido será mais fino que a seda do teu pescoço liso e que vestido será mais leve que o sorriso que te veste a pele?

&&&

o raio da justiça
fulmina

pegou
e perguntou:
quem és?
quem pensas que és?
que pensas que pensam que és?

dele não se escapa
e terás de prestar contas
ação e reação
são teus princípios
e teus fins
o que acontece a ti
é causa e consequência
de tuas livres escolhas

a crise que se instala
ao se constatar:
há sempre um justo vendo
há sempre uma dor
dor
de consciência

a dor que causa aos outros
a ti retorna em dobro

amor gera amor
treva gera luz
luz gera sombra

em sombra tu descansas
em excessiva luz tu não vês

não peço que me creias
não peço que me entendas
só peço que o raio
da justiça
tu
aguentes...

raio que queima diferente
fulmina-te em cada apego
mesquinho
seja
do tamanho de uma folha
do tamanho de um
ninho...


&&&

vamos fazer amor na nuvem 
de olhos bem abertos
pra ver de perto
o temporal...

&&&

There is always a angel trying to kiss you
if you be quiet could listen his invisible wings flapping around your face
he is trying to put some angel's breath into your brain 
through your lips
whispering delightful words about death and love... 

There is always a angel trying to open your closed Eye
be quiet and wait 
he is singing his beautiful song about how things get lost
and the living fresh meat just turn dusty
and about how ashes always will flowing from your evasive fingers
oh, by the way, your fingers dosen´t exist anymore
they don´t exist and they always exist.

The evil angel and the sweet angel
told me the same story:
no there ís no hope and no glory
to the human fate.


&&&


esse quê de amor que dói
de anel apertar no dedo
o nó
da gravata
engasgando
a garganta

esse quê de você que eu quero arrancar
com os dentes
comer lentamente
enquanto
as narinas inflam
e as glândulas
inflamam
e as penugens de atrás
do pescoço
captam o calor
molhado
dos seus lábios

esse quê de amor que dói
só de ver, sorrir
e ser feliz
sem você
o mundo não cria raiz
não cria cores
abruptamente
distintas
nas pedras da cidade

se sem você
os vasos nas janelas não abrem flores nem
há moscas zunindo cortando o silêncio da manhã em redor do pão esquecido
na mesa
há dias.


&&&


confusão.
misturar
nossos corpos com a mão até
obtermos uma textura homogênea
uma massa macia
com cheiro de suor,
saliva,
língua e
tesão.



&&&

quero morrer lentamente, na chama ausente de um fogo fátuo
quero flutuar de fato em lembranças cada vez mais vagas
me afogar em lágrimas 
e dar piruetas circenses quando ninguém estiver vendo
vou lhe oferecer o cigarro

o meu sorriso
um chiclete
e um gole d´água


mas o que quero lhe dar muito além disso
está tua boca em minha língua doce 
o meu doce de leite
o meu creme de moça
o meu último gole.


&&&

não esbanje felicidade na bandeja alheia
nem sopre areia fina em olhos ceguetas
não fale tão alto o nome do seu amor
nem desfolhe pétalas inocentes
não atenda o telefone o tempo todo
ande descalço, ande nu, ande demente

invente vidas que se misturem em texturas mais invisíveis
ou telepáticas, que
ressoem em tons que sejam mais sintônicos em seus sins em suas suas silhuetas bailando em puro júbilo, em pura mágica. 


&&&

O Lírio


não estava lá
era um lírio 

onde dizes
não estava
onde estive, 
outro lugar

havia um lago
um bosque largo
e um quiosque imenso
em forma de cogumelo

eu não estive em lugar algum
eu era meio, agora sou uno
com a matéria que molda
meu parco sonhar
meu delírio atordoado
dormindo
acordado

rasgando um véu de sonhos
atrás do outro
medonho conforto
caindo em espiral
em camas, surtos e travesseiros
sudoreses noturnas
buena fortuna
tudo bem coberto por um cobertor marrom

eu não estava lá
era um lírio


&&&

a felicidade é um silêncio manso e distraído
ou um acento agudo e toda hora 
é agora, pisa firme e rodopia!

a felicidade é cheia de copos
de dedos, de ecos de feriados, de dores de cabeça engolidas pra dentro que quebram feito vidro arranhando a garganta perfurando o peito e você pensa que é só o cigarro, ou um resfriado
e você pensa que um dia a tosse passa 
que os amigos ficam
que os laços são nós
sólidos que nunca lhe darão solidão
e que amanhã, afinal, é sábado

a felicidade é calada em caldas,

segredo absoluto ocultismo.
e realiza-se nas entrelinhas
nos sublinhados, nos sublimes sabores mais delicados
de quando se tem calma, de quando a poltrona se encaixa macia nos quadris moldando um conforto que jamais será encontrado do lado de fora,
da sua casca.


&&&

e é não conseguir dormir tão logo,
imaginando teu colo.

e é como não sentir frio, nem fome,
abraçar-me com teu nome
saborear a saudade
em cada nuvem
que passa
trazendo cheiros de longe...

e nunca conseguir ir embora cedo
jamais ter medo
se amanhã tem mais...

e é sorrir à toa, lembrar da tua boca boa
e a tua língua que ensina
misturada à minha
um alfabeto próprio...

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