05 março 2013
Um outro significado para palavra chá
Antes, eu passava os dias varando as noites
antes, eu sabia por onde meus pés iriam caso estivessem bêbados demais para voltarem cambaleantes pra casa...
antes, a cachaça era barata e o trago era bom.
mas os dias passaram e eu parei por
pura preguiça, ela enguiça a preguiça enche a praça de lisergia
e os meus dias de coloridos letárgicos, esmoreço na mesma velocidade da gota de suor que escorre por suas costas sensuacínicas...
e quando menos espero deparo-me com minha própria sombra dizendo que esqueci os óculos em cima do banco da moto outra vez e não sei bem
se foi um sonho ou se sempre estive acordado
e o que chamo vida é sonho
e o que chamo de sonho é sono atordoado
viverei em desvario, darei mais um tiro e um trago no chá...
poemas soltos II
amanhece o dia vazio
amanhece na pele feito arrepio]
dentro da barriga uma nuvem negra
se agita: raios, trovões e calafrios
a pólvora dentro do barriu chia faísca no peito
um chiado fino
o dia vazio é vil e está cheio de solidão
repleto feito um feio Pântano envolto ao lodo, um consolo:
na lama escrevo o nome da dama
casada, dama desalmada, que me dá seu corpo
e diz que não deve nada...
ela vem sanguinolenta a boca sangra coisas invisíveis
ela vem de dreads vem de carona vem com um brinco de urso e um brilho no dente
ela esteve na mata silente, no seio da selva. bebeu peixes e comeu plantas
comeu da terra santa que a planta do seu pé pisou...
e quando vai meio onda meio cabisbaixa
quem segura a sua mão, no meio da música, no meio da multidão, em silêncio, em êxtase e meditação, seu quarto diz: metade é fuga,
outra metade ilusão.
amanhece na pele feito arrepio]
dentro da barriga uma nuvem negra
se agita: raios, trovões e calafrios
a pólvora dentro do barriu chia faísca no peito
um chiado fino
o dia vazio é vil e está cheio de solidão
repleto feito um feio Pântano envolto ao lodo, um consolo:
na lama escrevo o nome da dama
casada, dama desalmada, que me dá seu corpo
e diz que não deve nada...
ela vem sanguinolenta a boca sangra coisas invisíveis
ela vem de dreads vem de carona vem com um brinco de urso e um brilho no dente
ela esteve na mata silente, no seio da selva. bebeu peixes e comeu plantas
comeu da terra santa que a planta do seu pé pisou...
e quando vai meio onda meio cabisbaixa
quem segura a sua mão, no meio da música, no meio da multidão, em silêncio, em êxtase e meditação, seu quarto diz: metade é fuga,
outra metade ilusão.
poemas soltos
Qual é o nome do abismo em que resvalam os orgulhosos?
Qual é o nome do buraco horrível em que se encerram os sonhos?
Qual é a música que embala o mórbido silêncio da tumba?
Quero fogo e chuva! E o leitoso deleite da lua
Quero lançar-me nua para receber meu próprio corpo
que se descomponha
que se decomponha e, envolto à impermanência da rosa que murcha e renasce em outra rosa, que eu possa
beijar os doces lábios de Shiva, dançar minha própria
destruição...
&&&
Não resisto a uns bons olhos molhados
ao coração que se aquece nessa facilidade toda.
Não resisto ao seu corpo que treme e assume,
a essa necessidade de revanche da pele.
Não resisto a suas mãos que trêmulas conhecem
os meus caminhos mais íntimos não resisto
a sua língua, sequer ao cheiro de dentro da sua boca.
Mas se fico louca, oca, insossa. Não resisto e quebro.
Te perco, te perdoo e te esqueço, brasa fria, como um monte de sujeira em cima da pia do banheiro.
&&&
Empresta-me o que resta dessas tuas frestas que esqueces abertas
só para que pernilongos passem e venham te chupar, durante toda a noite, ao luar...
Na madrugada, alguém pergunta e não houve nada. Durante o dia, penduro os ponteiros de uma agonia
asmática e revejo fotos, roendo as unhas, roendo as horas
uns bons tragos já não me trazem nada...
apenas um pesadelo ou sonho ansiolítico me fazem dormir
ao longo de toda minha vida
as mulheres bonitas, que jamais terei entre
riscos rabiscos e nada disso! que um elevador mecânico me leve ao cume de um engano cínico e esses seus cabelos cor de ferrugem fustigam-me
escrevo e freio quase esmagando a cabeça do gato
quase esmagando a cabeça no vácuo eu não vi e nem vejo
o rastro do felino ferido na estrada, e sigo distraído pensando nos vestidos floridos que voam e no perfume de cada flor desabrochada que jamais sentirei...
segundo freud segundo por segundo...
desvio dos abismos mas sempre caio
no desabsurdo de mim...
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