05 março 2013

poemas soltos II

amanhece o dia vazio
amanhece na pele feito arrepio]
dentro da barriga uma nuvem negra 
se agita: raios, trovões e calafrios
a pólvora dentro do barriu chia faísca no peito
um chiado fino
o dia vazio é vil e está cheio de solidão
repleto feito um feio Pântano envolto ao lodo, um consolo:
na lama escrevo o nome da dama 
casada, dama desalmada, que me dá seu corpo
e diz que não deve nada...

ela vem sanguinolenta a boca sangra coisas invisíveis
ela vem de dreads vem de carona vem com um brinco de urso e um brilho no dente
ela esteve na mata silente, no seio da selva. bebeu peixes e comeu plantas
comeu da terra santa que a planta do seu pé pisou...

e quando vai meio onda meio cabisbaixa 
quem segura a sua mão, no meio da música, no meio da multidão, em silêncio, em êxtase e meditação, seu quarto diz: metade é fuga, 
outra metade ilusão.

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