pedras rolam sobre cascas humanas
aniquiladas
cabeças
passam voando
enquanto
planam no céu
o sol
e a nuvem
dissolvem
histórias compridas feito tumbas
se perdem
no deserto
de poeira e sombra elevam-se altas feito torres
de tosse
entre ruas
e
pulmões de vidro
objetos se soltam
voam com as cinzas
da tarde
a paisagem
despedaça
-se
por acaso
nas cores
em colapsos
multi-violetas
a poeira baixa
um tom de voz
um segundo
antes
eu não era mais quem sabe
quase isso
ou ao contrário
as pedras
apenas
planam
no desfiladeiro
em grânulos
esfiapados
de terra
18 setembro 2009
09 setembro 2009
Virgínia
Virgínia tem olhos pretos
de cair dentro bem
maiores que a barriga
comprida e branca caminha
entre labirintos telepáticos,
suprasensíveis,
carrega orgulhosos óculos de nascença
como se não se equilibrasse
bem nas pernas o que lhe confere
uma eterna
curva nos ombros
vai e volta sem saber
o que estava fazendo
ia embora
sem ter conhecido ninguém de novo
bêbada
de café
caminha entre
folhas secas
sem sapatos
porque lhe agrada o cheiro
do que secou
sob as plantas
dos seus pés
às vezes se apaixona
em segredo
pelo recepcionista
cheiram juntos
o pó
das bibliotecas
enquanto ela permance
absorta na
xícara
de chá
vazia
observa o borrão da chuva
na janela sopra
lá fora
a dor mais aguda
pra quem sabe o veludo dessas pétalas
que esmaga com dedos
em susto
percebe
um gato
não consegue ler
desde criança
andava
metida
com gatos
por isso seus gestos
jamais sorriam
ou algo que soasse
macio
suas palavras
arrancam tosses
demora demais
nos olhos
dos outros
e suas
estranhezas de hábito
como tragar solidões
solicitudes
expande
como o vidro
se inflava quente
e depois
recolhe-se brusca
crisálida
se acaso Virgínia ousasse olhar
seus verdadeiros olhos
quem suportaria
tamanha dor
disfarçada em cílios?
a vida frágil do corpo
sustentada em seus próprios
escombros num vendaval de domingo
ia
esvaindo-se
em afetos
que
apesar de tudo
nos momentos
-realmente-
tristes
nos intervalos lúgubres
dos metrôs eram válidos
Virgínia
mantinha seus
olhos
quietos e
fixos
em um olhar
de gato
banhando-se
em jornal e fumaça
de cair dentro bem
maiores que a barriga
comprida e branca caminha
entre labirintos telepáticos,
suprasensíveis,
carrega orgulhosos óculos de nascença
como se não se equilibrasse
bem nas pernas o que lhe confere
uma eterna
curva nos ombros
vai e volta sem saber
o que estava fazendo
ia embora
sem ter conhecido ninguém de novo
bêbada
de café
caminha entre
folhas secas
sem sapatos
porque lhe agrada o cheiro
do que secou
sob as plantas
dos seus pés
às vezes se apaixona
em segredo
pelo recepcionista
cheiram juntos
o pó
das bibliotecas
enquanto ela permance
absorta na
xícara
de chá
vazia
observa o borrão da chuva
na janela sopra
lá fora
a dor mais aguda
pra quem sabe o veludo dessas pétalas
que esmaga com dedos
em susto
percebe
um gato
não consegue ler
desde criança
andava
metida
com gatos
por isso seus gestos
jamais sorriam
ou algo que soasse
macio
suas palavras
arrancam tosses
demora demais
nos olhos
dos outros
e suas
estranhezas de hábito
como tragar solidões
solicitudes
expande
como o vidro
se inflava quente
e depois
recolhe-se brusca
crisálida
se acaso Virgínia ousasse olhar
seus verdadeiros olhos
quem suportaria
tamanha dor
disfarçada em cílios?
a vida frágil do corpo
sustentada em seus próprios
escombros num vendaval de domingo
ia
esvaindo-se
em afetos
que
apesar de tudo
nos momentos
-realmente-
tristes
nos intervalos lúgubres
dos metrôs eram válidos
Virgínia
mantinha seus
olhos
quietos e
fixos
em um olhar
de gato
banhando-se
em jornal e fumaça
03 setembro 2009
lanche na cantina
trago cigarros
no estojo
quadrado canetinhas bic
rabisco em guardanapos
sujos
como o que ia dizendo
e esqueci
de repente
a pia
aberta
trago livros
e não leio
trago pedras
e figurinhas
de crack
masco chicletes católicos
estouro bolhas
retóricas
que grudam nos meus cabelos
universitários e virgens
misturam-se ao pão
com azeitonas
e sou a sede
do vaso
entre barras
de ouro branco
pra quando
a garganta secar
bombom seria
beber a água na cantina
com filtro
solar
no estojo
quadrado canetinhas bic
rabisco em guardanapos
sujos
como o que ia dizendo
e esqueci
de repente
a pia
aberta
trago livros
e não leio
trago pedras
e figurinhas
de crack
masco chicletes católicos
estouro bolhas
retóricas
que grudam nos meus cabelos
universitários e virgens
misturam-se ao pão
com azeitonas
e sou a sede
do vaso
entre barras
de ouro branco
pra quando
a garganta secar
bombom seria
beber a água na cantina
com filtro
solar
O suicidio da Virgem del valle
Acode essa bolhinha no ar
seu destino é subir
soprar
dissolver-se
quem sabe
na encosta tão íngrime
e abissal
seu coração
canta
no topo da
solidão
onde habita
o chacal
e não há pecado
apenas
venta
seus braços
abertos abençoam
as bolhas
explodem
ao sol e
voam
ela
rompe
o frio
da nuvem
densa
com
o uivo
sagrado
da fêmea
intocada
sua coroa de flores
despenca
primeiro
seu destino é subir
soprar
dissolver-se
quem sabe
na encosta tão íngrime
e abissal
seu coração
canta
no topo da
solidão
onde habita
o chacal
e não há pecado
apenas
venta
seus braços
abertos abençoam
as bolhas
explodem
ao sol e
voam
ela
rompe
o frio
da nuvem
densa
com
o uivo
sagrado
da fêmea
intocada
sua coroa de flores
despenca
primeiro
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