01 janeiro 2011

Ida

recolhendo as roupas do chão, acende um cigarro. sai passos de passarinha
pisando leve quase asas. amanhece o rosto de quem não dormiu.

escuto o bico do seu sapato. tic-tac no asfalto.

não me movo. deixo-me estar ainda com sono como pode levantar-se tão energeticamente cedo?

acolhido no canto da chuva rala rompida apenas pela aceleração do carro que se mistura a um nó

na garganta

lá fora à espera

espermática

dela o próximo cara, o outro.

os tantos outros que

hão de vir.

Só me resta ruminar o vago prazer deixado por seu beijo amargo desejo de ter seus seios novamente em minhas mãos.


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