01 janeiro 2011

contato uspiano com a chuva:

Nunca mais os dias de chuva serão os mesmos, pois eram os teus cabelos que pingavam molhados e nas ruas vazias da tarde - em meu mundo tão ordenadamente caótico- só havia nós dois diluídos em aquarela.

na lente do teu óculo, minúsculas gotas de água refletiam a luz -que só poderia vir de nós pois o céu era um denso veludo púmbleo. E me sorrisiu tímido com covinhas nas bochechas.

Estávamos perdidos, procurando os outros seres humanos, mas meus passos eram como passos de um baile sem máscaras, de alvíssimas melodias sutis. E eu sei, escondia um rosto bonito por baixo de todo aquele cabelo e, eu sei, da indiferença nesse olhar tão negro.

Ah, os dias de chuva! O nosso dia de chuva entre tantos outros dias de lágrimas prismáticas dos olhos azuis do céu. Delírio onírico, momento vão. O poeta em transe... Foi quando tive a coragem suprema de dizer, dizer tudo. O que toda timidez pode confirmar é sua legítima consiciência do ridículo.

Dito tudo, ele então, desapareceu; como o orvalho frio se evapora nas manhãs de sol. Só restou-me esperar que a lilás flor do estio brotasse na Pedra inerte e, desta forma, pudesse reencontrá-lo, Pedro, encarnado no beija-flor.


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