04 janeiro 2011

como se

fecha os olhos
como se
avoa
sse.

o estomago vago há muitos dias. de fome, de pele. a pele que me reveste é meu primerio indício

os fones sempre ouvidos e baterias que duram pra sempre a música tece toda a constituição física da bolha nos meus dedos raspando na calçada.

toda pressa, as pedras do calçamento. toda pressão que o ar exerce sobre os gritos de assalto tem algo a ver comigo. nada tem mais brilho que meus dentes sorrindo são maiores que o sol porque dentro da minha boca é escuro pra minha língua pois meus dentes cobrem o mundo.

depois sou tomado de alegrias que não condizem. quero ir embora mas perdi o trem.

meus olhos não se fecham o ombro não perde a tensão. poderia a qualquer momento achar que o mundo havia enlouquecido mas eu sou o mundo. sou a humanidade fétida e afetiva que caça e consola. a força suprema que meu corpo faz para des-montar engrenagens. sobrevivo feito uma dávida, não há tempo para felicidades, contra-tempos. não hei de temer a morte, temerás somente teu medo.

a delicada flor da pele aberta às possibilidades do frio e se me riscaressem essa fina película, essa capa de pele? o líquido morno que então carrego dentro se escorreria pelas ruas feito chuva. enxurrada de mole mim seria eu coisa sem definição sem contorno em forma de

sorriso assim seco de saliva pode-se até secar o riso.

subir como um balão tamanho calor em meus pés escalpelados pelo calçamento. as alegrias vão também louvando licenças sem sentido algum, sem que os fatos confiram. os policiais vigiam o normal. abanam moscas e mendigos.

a música induz sentimentos, sim. mas não seré o contrário? a primavera entre os dentes e a bolha que a qualquer momento pode estourar seus miolos, seria doce libertação. sentado em pose de lótus recordando as vidas anteriores, sentindo a paz dos sentidos plenos- mas não ajuda a me achar, perdo na escuridão do olho cerrado, recuso-me abrir o coração acelerado sem causas definidoas, sou feliz sem medir consequencias e estrepo, até os pés nos espinhos da flor de cactus.

questão de acreditar então o peito oprimido pequeno dentro do mundo abrigava essa cidade pobre e cheia de co-incidências. abriga um universo escuro, misterioso, cheio de estrelas que insistem. sim, insistem.

como se
alguém chama
sse constantemente seu nome íntimo.
como se
as cores também
fossem da matéria láctea das
vias
como se
nossa pele fosse como só
o sol poderia
linda
morena como só
a natureza
desenhar

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