08 outubro 2010

de passo leve para não acordar o dia

de tanta escuridão nosso carro parecia um submarino mergulhado dentro da noite
sem estrelas ria
de histeria
não há jeito para tanto escuro
esconderijo

cale deixe a boca imóvel e muda
o penteado dos cabelos vai enfiando os dedos embaixo
da minha
grama plantando-se na terra. os ombros curvos para dentro

falamos de sexo como bons velhos amigos. falamos
do que tememos ousar
fumar cigarro com os vidros
fechados. ela toma um gole de pilulas perde as chaves alguém grita

cale a boca deixe meu corpo esticado...na noite
eu a olho cada vez mais
a compreendo menos
espero quinta-feira chegar
para postar cartas
receber seus postais
esperar tua resposta
um único olhar
que me dissesse tudo
que eu não posso
perguntar

aos poucos os pedaços
dos nossos sonhos acordados juntos vão se misturar
ao cheiro de cana fermentada
que sai
da garganta
das vicinais

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