27 agosto 2010

papel passado

ele deixou aqui
um cd
uma semente
um livro

tratei bem
de escutar todos os dias
o cheiro que o mato fazia
cócegas
no meu nariz

e esquecer
as toalhas molhadas
na cama meu corpo
não quer mais
largar
o seu

faço um laço
azul de fita invisível vai
se enroscar no teu dedo
pra você lembrar
do som
do nosso
beijo
acústico

faço
muitas línguas
em volta
da curvinha
blues
daquela raivinha
tão minha
de ficar sozinha
no quarto
de quatro

paredes
só fecham
buracos
para tornar invisível
as memórias de alcova
vão procurar lá no cartório
rasgar os vinculos
quando você for se
casar com
ela

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