Ontem o vinho derramado
hoje mancha minha camisa
o frio vem em partículas
fragmentar meu queixo
se perguntas a família,
dirão que fui viajar
-uma lembrança vaga
é habito
acreditarem que absolutamente
não existe
o que não se comenta
à mesa do jantar
do desvio incomodo
que é a vida bifurcada a duas
vias de acesso cego
contra o direito de me fazerem
calabouço
ontem vela acesa
hoje porão vazio
as taças em cálidos cacos
de inteligência doida
varrida
para fora
no pó da pá o meu suplício
dentro da sacola amarrada do lixo
me enviam sem retorno
para o Japão
onde
minhas desigualdades mórbidas
acordam de um pesadelo
dentro de outro
dentro de outro
dentro de outro...
21 novembro 2009
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