27 julho 2012

dentro do seu olho escuro
caminhei sozinho
cuspi em paralelepípedos
atravessei os degraus
de ascensão

zombei de suas luminárias elétricas
da sua mania de perseguição
dos medo ancestrais das trevas,
dos vagabundos, raptores
e prostitutas ébrias
abrigadas em seus bares e porão...

dentro do olho escuro da noite
descobri malícia
um pouco de doçura amanhecida
e nenhum conforto

atroz a noite atropelou
meus sentimentos
com suas ladies que brilham
no escuro com seus
cavalheiros
gentis em demasia
dão-me ansiedade, ódio
e asia
nesta cidade prefiro a grama
ao firmamento...

prefiro correr perigo dentro do olho do cu
das suas ruas e das suas vielas
sem saída...
noite mal agradecida que desejo
com a pressa
de quem espera
um beijo
suave e apodrecido
derretendo-se nas gengivas
como um veneno
que brindamos aos nossos vícios
terrenos,
à lama que brinda nossa pele
e nos purifica, então,
de madrugada,
brotamos uma orquídea
pálida a padecer no luar...
melancolia é teu manto
e despido teu corpo faz
infinitas curvas, noite, noite...
toma meu líquido
e dá-me da tua fonte sóbria de prazeres
deixa-me currar-te,
sorrateira,
noite, o olho da noite
escuro,
sujo,
delicioso...
bebe-me em goles suaves
de adrenalina...
engole o lobo voraz que habita
dentro de mim
dentro da minha
pupila.

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