lá vai ana mergulhar no céu
tocar as nuvens
com a ponta
dos cílios
o que dói em ana são as horas desmedidas
cinzas de outros povos
sopradas em ampulheta do deserto
arrastando-se nas cocovas do camelo
ao pó voltarás...
o pôr-do-sol tinge o cristalino d´água
de lisases vermelhos alaranjado-fogo
tudo dentro
dos olhos de ana
e fora dos olhos dela num reflexo
curvo
sua dor é dor de pré-vida
não teme a morte
mas a dor de carne
e ossos que seu espírito sente
ao retornar à matéria
o leopardo preso
nos olhos de ana mira o imenso lago
dentro e fora um reflexo
onduloso de sol morno quando vai embora
tão mais doce
suave
sol quando se vai lá no alto
no céu
ana mergulha os cílios o nariz o rosto as coxas
macias os seios no azul líquido
do pôr-do-sol
nua no lago ana ria
tão rica
ria sua
riqueza plena
de não possuir nada
além do
corpo
em carne viva
15 maio 2011
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"Eu que me achava o rei do fogo e dos trovões
ResponderExcluirEu assisti meu trono desabar cedendo as tentações, as tentações de ..."