05 novembro 2010

Frida

estuporou em sua boca
feito ferida de sol
espalhando-se ácida dos lábios pra língua
faringite bola de pus
mas era só
um beijo

do coração ao sexo.
de coração contra o coração

seu véu noturno
teu lunar na testa
tuas vestes
de estrela no infinito espaço
da noite
que é tua

teus seios ondulantes dunas
do deserto e de olhos despertos
seus seus seus
seis mistérios
da besta
cravada em minha carne
a miragem de um
oásis
em contração
de parto

seus risos riscos seus esmos
são como cartas
embaralhadas
que de tão tortas
não valem
nada
e até
a cartomante
lança os dados
no futuro
um buraco escuro
de carpete espesso
no qual limpas
a sola
dos teus medos


nem sei mais se
desejo dormir
ou acordar
na tua pele
tudo se repete

até teu beijo
não arrepia mais
os seios ventam no cabelo não vêm
mais teu gemido rouco na madrugada
rasgar o fino
silêncio
da manhã
imaculada

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