10 novembro 2010

Mr. Walker

o corpo de uísque à luz neon é blues
seco sem gelo sem açúcares
vidro sentindo frio
aos avessos
vai, João, em
teus trôpegos tropeços
em tua capa
contra o vento
na ferida despida
de cachecóis
luvas
e sobretudo
dos olhos
doloridos

um odor
amarelo
sabor mescalina
espalharia
feito cancro
feito néctar
o aroma
da melancolia
que a dama sopra fria
em expirais
azuladas das narinas

toda sua dor
escondida
nessa sua pressa
nessa pressa
de diamante

João,
teu sábio charuto
teus másculos
músculos maiúsculos
desejando a mulher da próxima
esquina

que beija a cigarrilha
borrasse de batom
lábios perfumados
que bem poderiam
encontrar
uma ponta
de interesse,
querido,
nos teus argutos sorrisos
como antes já havia
se esquecido de como era
antes
do seu corpo se tornar
vidro...

Nenhum comentário:

Postar um comentário