02 setembro 2010

teu olhar me era um grito

não te movas o tempo
se estraçalha ao menor suspiro
quebra
-se
misturado ao cheiro
de caju de época

que nada
é mais solícito
que o suco
da tua saliva

gota por
boca um alívio
quando pára
tranquila
esticando bem as
pernas
levemente
abertas entregando

corpo
e barriga
mornos
ao canto
mais sombrio
da tarde


com a voz
de pássaros
longe
entre os galhos
do cajueiro

não chore
fique linda manhã de sábado
com folhinhas
secas
nos cabelos

esparramada
a grama
espeta tua pele
delicada

3 comentários:

  1. supra-sumu da polpa carnuda da fruta madura no bico do Bem-te-vi

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  2. o-desvio de volta
    pedro de sá vez ou outra encarna por lá
    escancarada sua cara mais descaradamente sua

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  3. não tem como comentar lá mas tu andas com umas sutiliezas bruscas narrativas de espelho quebrado da tua vida uns apertos sombrios no peito que essa pornopoesia doce tua me causa cada vez que te leio é como admirar a beleza de um escarro preso às pétalas de uma flor.

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