05 julho 2010

De lírios brancos/ Clarice (2004)

Do céu escuro é que tenho ímpetos
de ir muito além
deste pavor de maxilares rangendo
em fome no oco da barriga
vontade do teu sexo

Escorro em vermelho

que é vermelho vivo de beber
de tragar meio louca,
toda dona de mim, ao meio dia meus
seios estão soltos e mornos para teus lábios quando
o mundo mergulha em mim e o aceito nua

e crua até o céu traz certas
delicadezas de luz
Estou tão só em dissolução
somente a água
me envolve um brilho diferente na multidão e
me faço de tão forte
perguntando a pior pergunta: quem és tu, loba ou santa?

o espelho olhava mudo soltava os braços e me abria pétala por pétala às tuas mãos estranhas

como eu à minha janela do céu
juntos nunca sessa a brincadeira
de quem quer rir da borboleta?

e depois, de noite,
elas voam em silêncio...
(mulheres como eu)
em ânsias de flor em
flor

Nenhum comentário:

Postar um comentário