a noite o bosque acolhe
o grito
do morcego em
grutas ecos nocturnos
num ritmo de sonho meu corpo estica até tocar
o vermelho sanguinolento do vinho em que bebe a luxúria dos lábios
delas em taças
perfeitamente cristalinos seus sorrisos mergulham-me na demência
dessas
mulheres
violentadas seguem-me no bosque
até a taverna onde brindamos
seus frios espectros
espelhados em belas damas
tão formosas formas fantasmagóricas
corrompidas todas elas
querem um gole de vida
feito
vampiras esperam
pasmas que me enamore delas
nos olhinhos mortos
e peles transparentes
eu vejo através risos e escárnios
como luzes que não se apagam
dançam em círculo
sedentas de mim beijam
e sugam
à minha boca oferem os seios em coro de tumba
eu as devoro
até me lambuzar volto pra casa debruço
sobre
o cadafalso
meu presente se torna uma
hipnose fosforescente
e acordo
de susto
as mulheres mortas de ontem parecem vivas
lembranças que passam através de um sonho como se
não me vissem
e quem morre sou
eu.
09 junho 2010
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