04 abril 2010

pra tomar vento de canudinho

vendei meus olhos nu na areia
enquanto chovia imagine que agora
uso pulseiras de pedras
e ossos

e a gente se perguntava se
o céu se repete, às vezes, quando
ninguém está
vendo
ele me rouba
um beijo

enterrei sob a chuva uma mariposa branca
chorava e depositei flores
cinco flores de sete pétalas
ele acendeu escondido duas palhas de aço
que soltavam faísca
no momento exato em que
buscava meu silêncio
a língua dele
não me interrompia exceto com lágrimas
e o dedo
apontando estrelas
nossas pernas saltavam
por entre as caixas
de lixo nas calçadas

e eu me desvendava
cósmico
nos momentos
que soltavam faíscas o meu silêncio
e o dele mais amplo que
o espaço
entre as pernas

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