Este é o último poema que lhe escrevo
ao alvorecer
uma dedicatória simples
que contenha mais algodão que mágoa
mais doce como sempre foi amargo
é que você tem um jeito bobo, moço,
que deixa meu olho borrado
e minha garganta apertada na fumaça do cigarro.
Trago engasgado
este último poema
um gole no gargalo,
uma gargalhada
ao alvorecer
uma dedicatória simples
que contenha mais algodão que mágoa
mais doce como sempre foi amargo
é que você tem um jeito bobo, moço,
que deixa meu olho borrado
e minha garganta apertada na fumaça do cigarro.
Trago engasgado
este último poema
um gole no gargalo,
uma gargalhada
enquanto seu circo pega fogo,
eu sou o palhaço
eu sou o palhaço
Estou indo embora de vez
da sua memória
levo até meus sapatos
que demasiado estrago
já causei na bagunça da sua cabeça
e antes que me esqueça
devolvo seus livros emprestados
da sua memória
levo até meus sapatos
que demasiado estrago
já causei na bagunça da sua cabeça
e antes que me esqueça
devolvo seus livros emprestados
amortizo nossa última dívida
divido só comigo mesma
pesadelos naufragados,
torres fulminadas
divido só comigo mesma
pesadelos naufragados,
torres fulminadas
Nossas esquinas,
nossas tardes na calçada
agora são bocas e caras atormentadas
nossas tardes na calçada
agora são bocas e caras atormentadas
desculpe mas
sou uma criança autista e mimada
um campo de concentração minado
escuta meu pigarro
ele diz muito
sobre meu estado
precário...
sou uma criança autista e mimada
um campo de concentração minado
escuta meu pigarro
ele diz muito
sobre meu estado
precário...
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