12 agosto 2015


a mulher amanheceu
de sua noite
intranquila
rompeu fibras
cardíacas
sentiu que
a manhã seria mais limpa
não haveria a dor nem o sangue não
haveria mais
as nuvens
seriam de algodão


eles não ficarão ofendidos
caso o prazer se espalhe
no piso
ou no chão
de todas as casas
nas quais
iremos coroar
uma nova rainha
do lar
uma rainha
que seduza
liberte instintos,
decapite
cada uma das serpentes
de sua cabeça
de Medusa


nascerá forte
de suas raízes mais íntimas
e femininas
o fundamental
respeito à liberdade e
e à vida


02 agosto 2015

A pulga e a sombra






Agonia crônica pousa na orelha e
pica atrás
deixando o dia inteiro vermelho
e cabisbaixo
um procuro e não me acho,
uma dor de cotovelo
outra dor quando me agacho.

porém ao observar a plenitude do Deus interior
que farfalha através do mais sutil odor
de flor aberta
às incríveis experiências sexuais da primavera
(delicadas cócegas em suas áreas
erógenas) que
deixarão a planta prenha,
carregada de si mesma
nutrida de sol de verão
em seus fluxos de seiva
viva
amadurecendo o sabor
sensual
da fruta,
entendo que a dor existe
o prazer existe
e passo através deles de século em século
no infinito autodescobrir-se
do próprio universo.