04 junho 2013

De repente 30

de repente 30 e virei fiiósofa
minhas garras cresceram e agora arranham muito mais
precisamente
de repente 30 e virei poesia
minha pele meu riso iluminam o dia e além disso meu sabonete
é de bombom...

de repente 30 e meus olhos querem disfarçar o quê quando riem
à toa e para quem interessar possa?

Por que a sutura do teu braço não me corta
e as planícies mortas me levam por tortuosas trilhas?

Para vida 30 não é nada. Mas para nós, pequenas formigas, é mais que muita criança morta por desnutrição.
É mais que suficiente para se sofrer um acidente, para ver padecer a ética, até
para se ser pai de gêmeos

para se casar e descasar e vagar perdido por bares a procura desses risos que querem disfarçar o quê?

30 e agora, adulta. Mas a criança de dentro grita
e sua voz
arguta diz que é hora
de brincar

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