o monge
mora lá longe
não vão rolar
pedras
em sua ribanceira
não vai rolar nem
colar lá
já o índio
mora pertinho
a gente chega
de
canoa
e fica de
boa
na lagoa
o outro
(amigo)
mora aqui dentro
ele dá socos
e perdidos
na consciência
chuta empurra, arrebenta
os fios invisíveis
de um neurônio
ao outro
&&&
copos dispostos em oposto
boca.olho.olho.boca
pernas aflitas
dedos seguram
o imaginário
dentes arreganhados
suor ácido na
virilha
assim
nós humanos
nos preparamos
para treparmos
&&&
dois pacotes sórdidos
sortidos, de edição limitada
dois alvéolos feridos
de tanto pó e cigarro
dois bicos calados
não se beijam
uma promoção de feriado:
"venha visitar
meu estado
alterado
de humor"
venha corroer as tardes
corrosivas
unhas que se aparam em alicates
de cutículas
moscas que anunciam
que o lixo deveria ser trocado
mas prefere chutar suas garrafas, suas embalagens vazias e colar os sapatos na cerveja
derramada há dias
o que resta de toda noitada
a sujeira toda
a prova cabal de que
é boa a vida
e deixa rastros
rastros que serão moídos e devorados
na deterioração magnífica
do tempo
&&&
nosso. sexo. que não se sa tis faz
depois que acaba,
quer mais.
&&&
acabou o conhaque
o amor e a amizade
acabou o maço de cigarros
a água da pia, a comida
e o sabão de barra
acabaram os créditos
os cremes e
os doze trabalhos
acabou o respeito
o tráfego
o beijo
acabaram os horários
os pacotes de bolacha
e os papéis não rabiscados
acabou a sensação cinza,
o ciúme e a raiva
acabou...
só restaram os bonus da tim e da claro
para os números que
não vou mais ligar...
&&&
A esquisita dos esquisitos
a dama dos
perseguidos
a esquina dos bandidos
não era Geni nem gemido
era só como alguém que passou
por aqui
que esqueceu as chaves
no banheiro
alguém que espera
com mãos sujas
de terra
a chuva
aguar as hortelãs
ou ela em uma tentativa vã
de acender meus fósforos
úmidos
&&&
Caiu do prédio
e dizem
que escorregou
no tédio
da tarde
às 16h20...
&&&
tão belo rosto
agora sem fôlego e sem cigarros,
prestes a sucumbir às trevas daquelas ruas sem iluminação pública adequada,
uma rajada de vento sopra a oeste trazendo pressentimentos tão obscuros quanto a vastidão de buracos da avenida da saudade
entre silenciosos cães esquálidos
na madrugada,
tua imagem de
olhos esbugalhados
brilhando pro nada,
com o nariz coberto de sangue como hibiscos selvagesn
a sorrirem para o sol,
a tossir e torcer o lencinho
delicado com
mãos suando frio,
fez-me tremer os lábios
eu, que sequer sei
teu nome,
vejo-te passar tão magnífica vida
dentro de negros
olhos
enormes
poderia ter gritado por ajuda
poderia te acudir
mas a profunda beleza
desses girassóis amarelos dentro de você
me cala
&&&
Outono
devias conhecer os perigos
dos poros dilatados e
de mamilos que se arrepiam
aos mais inusitados
toques das plantas dos pés
ao pisar galhos e folhas
secas
que fazem
creck
&&&
Agora no deserto
de certo
um calango
um rato ou
uma cascavel
passeiam
com fome e sede
a céu
aberto.
08 maio 2013
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário