14 agosto 2011

Inacab

oh! distraído e manso
podias ser descanso, mas foste sábados
e como bem sabes
tudo o que é meu:

as mãos...
e a voz
tremeluzida


Eu sei, eu sei... estamos
vivos pra morrer
nossa pele esticada no tempo em que a beleza
era uma rainha
de roupas finas e hoje usurpa
nas ruas
o arquinimigo
mas
contigo
não correria perigo
sairíamos sãos
e salvos e vivos
desta doida
microgaláxia de
pensamentos

tua sábia boca
não ignoraria
nada
deste longo intervalo
entre pernilongos e as tuas pernas
que lambo
no imaginário
ladrilho branco
de uma cozinha
com cactus
na bancada

e como sabes
tudo que é meu
gestou-se no útero da noite
no ventre da Mãe madrugada
tua filha
de pálpebras finas
tão adocicadas
dança
e ri qualquer riso
brilha feito outro
nas tuas mãos

poderia
ser domingo ensolarado


mas fostes sábado
e
querias doida
me encontrar
nos desencontros
de um bar,
na esquina
na boca
num canudinho
refrigerantes
idéias a girar
entre o copo de cerveja
e um curso de fotografia
inacab...


teu corpo
insaciável e insone
devorando lento
mais uma noite
sem dormir e
sem sonhar

e
se por acaso
quiseres ser meu
ocaso
eterno
a ocasião
é esta