25 abril 2011

elle

ela tem nervos
de tudo sentir
o tempo
o mesmo
aplauso
cólicas e
aspirinas
entre as coxas
andar sozinha
nas extensões
sólidas
da sua
solidão

de abrir com os dentes
uma cerveja num rasgo
raso na chuva
seus pés
molhados de
chão
em
pedra
fria

jorra da sua barriga
água santa
sangue

benta se banha
em licoroso e
amaro
vinho

ela é minha
passarela
passaredo
paraíso

sou o pedreiro
e pedestre
vou construíndo
abrigo
de rumores
antigos
amores
que lhe metiam
a boca no focinho
lhe cuspiam
nos riscos
dos olhos
caninos
se lambiam
um ao
outro
se diziam
em verdade
vultos
da vera
cidade

que em seus desenhos
de água clara
e verão
em
cachoeira
calma
uma mansidão que
grita

como a gruta funda
ainda mais escura
que
a escuridão
da sua
alma...

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