08 fevereiro 2011

Jardim

aquele olhar adivinhava
e via
a tempestade nas borras do vinho
todos celebravam ela
remoía sua vida tentando espremer um sumo
adocicado e oleoso com o qual pudesse
adornar o corpo
para os derradeiros dias

aqueles olhos adivinhavam que um dia
não haveria abelhas, não haveria absolutamente
nada

e o ponto do tempo em que estavam agora parados feito fotogramas no jardim estático
era tão belo e insignificante
com uma abelha a pousar nas margaridinhas pálidas
salvas da exposição solar
que a todos aquecia

infinito por todos os lados, travessas e possibilidades
o ponto parado no tempo : este minúsculo instante
presente que
lhe deu um arrepio
profundo
veio lá dos forros do vestido subindo até pousar delicado na flor
da pele

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