ele me olha como a última vez
que abriu os braços pra brincar de
pássaro
a barba um pouco:
não
no capô
do carro
todos dentro do apartamento
todos com o corpo colado à grama
a chuva nos olhos os olhos no
céu
escuro o próximo
passo
em direção a
alguém rio
disfarçando as montanhas
alguém chuva
molhando os pés
nas poças
enroscando o
rosto à terra
o peito aberto
aos resfriados
os pés desnudos
principalmente
as palmas das mãos
apertam
meus seios tão pálidos
tão
pequenos
respiramos juntos
e me vejo de vez que não.
as pequeninas flores espalhadas pelo campo agreste
do vestido e os lugares que estivemos antes
não existem mais
as florestas
antiguíssimas
que habitamos
não existem os peixes coloridos
que pescava
no alto e bom som do seu carro
o saquinho de amor estourou espalhando
lentamente sangue
no tapete branco
do banheiro
mordia os lábios pedindo
meu mel mordia a pétala da minha
pele
mas agora é fumaça apagada aqui no cinzeiro
sobe espirais
de saudade
pra fora da sacada do
no alto azul
da tarde as trilhas
tortas
dos bosques aos sábados
em que a gente seguia
a bruxa
prendia
meus
cabelos compridos
cobrindo as orelhas
aquele menino lívido
quando me pedia colo
eu dava
me mandava às favas
às vezes
andava
calada demais
pensando
justamente
no cinzeiro
você apagando
a fumaça
seu cheiro
um odor de passado
ao redor
dos papéis curtidos nas obscuridades
das gavetas que
não abrimos
nunca mais tuas empoeiradas botinas
abriram trilhas dentro
de mim
só
não consigo
fechá-las
07 setembro 2010
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sente o abrasado frescor do sol matinal
ResponderExcluire as primeras gotas de chuva na terra seca
entre as arvores da floresta e
o abraço
seu cheiro é de terra molhada e
de plantinha nascida agora
no mel os seios e a flor