20 julho 2010

rio

o rio
nasce
da pedra
vai pelo cosmo

damião
me afoga
na imensidão da deus

e no brilho de sol
que todo
diamante
tem

2 comentários:

  1. A pequena concha de caracol recebe água

    de chuva




    durante a madrugada

    varinhas de cedro

    enfeitiçadas




    não há um dono para aquela concha solitária enrolada em si mesma

    porque

    o bicho de dentro dela morreu




    a gosma viva que se arrastava com seu abrigo sobre as costas

    foi interpelada por meninos

    selvagens lhe atiram sal

    e a deixaram agonizar sob o sol

    até morrer lentamente esparramada em liquido

    pela rua




    abandonada concha

    pequena e vazia

    agora

    pequenas larvas crescem

    dentro...







    seus minúsculos gritos

    de agonia

    não chegam aos corações humanos




    a música da terra é indubitavelmente silenciosa




    seus joelhos cortados sangram

    bolhas de sol estouram nos olhos

    e seu suor e o sangue dão de beber aos ditosos


    o carro passa contendo gente

    dentes postiços

    e a roda mecânica estraçalha a concha




    e em pedaços

    coloco os cacos em meu bolso

    o equilibrio perfeito é andar sobre os saltos altos e assaltantes




    decepando

    pessoas

    e seus pedaços os dão de comer aos pobres




    o coração estoura feito picoca

    microondas de amor espalham

    odor de Jasmim




    fadas saem sedentas com seus pequenos dentes afiados

    rasgam a carne suculenta de um delicada flor bebê

    e a sugam




    o amor é fogo

    e o ar

    e a terra é o que o fogo consome

    para espalhar cinzas em meus olhos

    tão frias

    tão longe

    tão mortas




    primeiro o medo

    depois o amor

    depois, depois o domingo

    com dragões e borboletas fluorescentes na janela




    então, seus ruivos cabelos compridos

    de fogo

    com todos os laços do tempo

    se desembaraçam diante de olhos atônitos

    sua família está morta

    sua rua é morta

    e não há saída

    apenas para o jardim

    onde brincava

    com elementais




    o tempo é um velho senhor ranzinza que jamais permitirá

    que as florem vivam

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