I
hoje é a noite do perdão
podes desatar os nós
dos sapatos
da garganta
um ruído
rouco
pede stop
e mais um gole
de chá
II
palavras afiadas
ferem âmagos
todo prata
o vestido
reluz
uma coloração
plácida
ela bebe
champagne
em taça
de apanhar
burburinhos
no salão
III
a vizinha ouviu e fez que trouxe
pão para distrair a fome
de novidades a moça de leite
condessada
a beira da janela espera
a flor da sua vida
desabrochar ou virar fruto
o menino apanha goiaba e corre...
IV
bem depressa a rua
passa
por cima
atropelando a
idéia
que tinha
na ponta da língua
V
preciso arrumar meio
de apagar
o desejo
de meter as mãos
em teus
sinais de sim
VI
quero mais
teu corpo
caindo
sobre
o meu
duro
frio
e morto...
VII
a tarde chega
passo um café
um padre
passa
um filme na sorveteria
a menina pede casquinha de Elves Presley
e vai chupar duas bolas de coco
na praça Hollywood
VIII
Racismo:
um negro é atropelado
ao mesmo tempo em que um cão
cego treme de frio
na ásia
IX
aleatórias borboletas
pousam
amarelas
no cheiro
do pescoço
dela
entre
as lápides
da familia
16 agosto 2009
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