06 dezembro 2007

Retratos&Paisagens

Isabel:

Sobre o orvalho os copos piscam luminosos quando o sol entre árvores gingantescas e antigas mergulhava seus olhos em azul-engarrafado podia até abri-los profundamente havia um círculo cristalino e gelado formado por seus corpos nus

o braço dela entrelaçado ao braço dele seus pés quase se tocavam.
dormindo na relva e o vento soprava seu cabelo como eletricidade a fluir da terra até as veias frias
satisfações como as de viver aventuras terríveis


e quando acordasse sentiria seus seios túrgidos e arroxeadas coxas doloridas

adormeceu com o pescoço oferecendo lânguido a jugular ao vento; o rio ao longe verde. azul?

depois o pesadelo de aspirinas e vias nasais congestionadas além de um termômetro embaixo da axila esquerda.


Daniel:


Dezenove anos caminhando à superfície das águas
cujo volume embaixo dos pés é um mundo
de obscuridades
e o limite
da procura,
simplesmente.




Satisfação. Insatisfação.





A espuma branca, a lâmina prata, os pelos. Daniel escanhoou o rosto com precisão assassina e mãos que tremiam um pouco a chuva lá fora cantarolava uma ária de medo e de morte.
O cheiro doce de asfalto encharcando as narinas as pernas cobertas de pêlo o peito e virilhas que pareciam não chegar nunca começou delicado pelos pêlos das pernas o fio de pele branca brotando da lâmina delicado as coxas de pêlos raspados

Braço, peito, axilas. Alisava seu corpo com água
na boca e shampoo nos cabelos
totalmente espuma e sem pêlos, meio bobo, meio infantil, foi até o espelho e desejou lentamente aquele corpo suavemwente desnudo
Contorcendo-se até o espasmo mole da tarde.

Satisfação. Insatisfação.

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