08 agosto 2016

faço de conta que 
sou de aço 
inoxidável pareço
um modo 
de segurança 
falho, uma emergência catastrófica 
do tipo 
vermelha

do tipo sangue na sua calça 
branca
ninguém pode saber
(ninguém sabe)
que, na verdade, 
todas as mulheres sangram
em silêncio e em segredo
porque temos medo
de ser alienígenas

ninguém sabe que não sou
o suficiente
que nunca me sinto
nós
nos prendem
em tédio perpétuo como
um castigo, um sonho, duas toneladas de chocolate
e eu ainda não dormi
não vi
aquela série
não vi
um rosto 
como o que eu imaginei
a vida nunca 
se parece com o filme da tv
mas eu tento
cinquenta e cinco
por cento
de certeza de que
você sente 

o que eu sinto
não é aquela coisa cor de rosa chiclete
com pantufas e lingeries
e pares de brinco que você imagina
é mais como um chilique
um desmaio de sol demais
uma bebedeira de uísque com cocaína

um retração no estômago
involuntária

ao mesmo tempo que em preciso de mais uma cerveja almejo da sua boca
a precisa letra da música
do palco
no fundo
você não quer que nada aconteça porque as partes são comprometidas em contratos
vitalícios que vão
muito além do tesão


mas você não entende
eu sou, só se for completamente
não consigo ficar pela metade e se fico
me multiplico
entre faturas vencidas da Renner
e essa falta de vícios
que a gente sente 
quando compartilha uma ideia


você não entende que
nada disso tem a ver
consigo
explicar
um pouco, não adianta
você só vai entender minha língua
quando estiver explicitamente
a experimentando


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