08 abril 2012

o grito

não faça ruídos talvez a sua respiração incomode também.
não faça movimentos brutos não soe tão
arrogante...


todos se pareciam
até fetos de matéria orgânica
sorriam falso afeto
afetadamente até
o que era realmente inacreditável
soava como a alegria contagiante que se podia sentir no suor do salão no calor humano espalhando-se
claustrofobicamente...

o que seria mesmo incrível era o dia seguinte, sem expectativas de melhora.
sem um futuro nítido que nos dissesse "é por aqui que serás feliz, filho". mas mesmo assim, insistia como se o seu papel fosse aquele.
"toma teu cajado e tua túnica e segue pelo deserto do real até que encontres, Diógenes, um homem de verdade
em verdade
calado no fundo do seu coração, a respiração apertada talvez incomode,
mas eu existo.
e faço-me merecedor
do direito
ao grito.